Assédio sexual é debatido em evento na Unifap

Compartilhe:

O assédio sexual foi o tema da mesa-redonda “Vamos falar sobre assédio?”, promovida pela Universidade Federal do Amapá (Unifap) e pelo grupo feminista “Nós por Nós” e ocorrida na tarde de ontem, 15, no hall do Centro Integrado de Pesquisa e Pós-graduação (Cipp), campus Marco Zero.

Cerca de 60 pessoas participaram do evento.

Na abertura do evento, a vice-reitora da Universidade, Adelma Barros-Mendes, agradeceu a presença de todos, ressaltando que o assédio sexual dentro da Instituição preocupa a Reitoria desde o início da atual gestão.

“Um caso ocorrido há mais ou menos um ano e meio acendeu o primeiro alerta acerca desse tema, que veio a se somar depois ao movimento que as alunas e professoras estavam fazendo e, hoje, nós temos esse debate aqui dentro.

(.

.

.

) Cabe a cada um de nós fazermos essa discussão, para esclarecermos àquele que acha que não está fazendo o assédio, a vítima e, com isso, temos a esperança de que essa discussão extrapole os muros da Universidade e, quem sabe, ter uma sociedade diferenciada”, afirmou Adelma Barros-Mendes.

As professoras Lylian Rodrigues e Júlia Monerat, integrantes do grupo “Nós por Nós”, apresentaram o coletivo e falaram sobre a Ouvidoria Feminista, uma ação que ocorreu dentro da Unifap em fevereiro deste ano.

Elas ressaltaram ainda a importância da parceria entre o grupo e a Reitoria.

“É uma forma de mostrar que essas violências não estão sendo ignoradas nem naturalizadas”, disse Júlia.

O primeiro tópico abordado foi o impacto psicológico nas vítimas de assédio sexual.

A psicóloga Cássia Conde destacou motivações sociais e inconscientes que levam o homem a reproduzir alguns tipos de comportamentos agressivos com mulheres e as consequências psicológicas do assédio sexual.

Em seguida, a configuração do assédio sexual no Código Penal foi explanada pela docente do curso de Relações Internacionais, Camila Lippi, e pela advogada Ericka Suanni, que também deram orientações sobre como denunciar os casos de assédio e os limites entre paquera e assédio.

Camila Lippi, que pesquisa sobre direito internacional nos diretos humanos, trouxe a informação que são praticamente inexistentes decisões sobre casos de assédio sexual nos organismos internacionais de direitos humanos.

“O assédio sexual é vetado pelos tratados internacionais de diretos humanos, e aqueles que tratam mais especificamente sobre o direitos das mulheres, (.

.

.

) contudo é de impressionar que a jurisprudência desses órgãos ainda seja omissa em relação a isso”, observou Lippi.

Priscila Vaz, ouvidora da Unifap, explicou o que é a Ouvidoria e as atribuições do setor e como denunciar o assédio sexual ocorrido dentro da Instituição, enfatizando os canais de comunicação e formas possíveis de formalizar a denúncia.

“A Ouvidoria jamais vai tratar um caso de assédio como algo que não dará em nada.

A Universidade hoje tem uma Corregedoria, Ouvidoria e Comissão de Ética atuantes, e casos de assédio serão tratados de todas as maneiras possíveis.

É importante deixar claro que, mesmo se o seu caso de assédio não atender aos critérios da lei para ser considerado crime, você tem outras formas de buscar por justiça”, frisou a ouvidora.

A professora do curso de Artes Visuais, Cristiana Nogueira, fez a intervenção artística “Agudo” ao final do evento.

O assédio sexual dentro da Universidade Uma pesquisa desenvolvida por nove acadêmicos de Ciências Sociais e apresentada no evento ouviu 150 alunas de graduação da Unifap e, segundo o levantamento, 50% das entrevistadas afirmaram ter sofrido algum tipo de assédio dentro da Universidade; destas, 4% sofreram assédio sexual, 6% assédio físico e 59% ouviram cantadas ofensivas.

A pesquisa “O mapeamento do assédio na Unifap” apontou que as acadêmicas de Ciências Sociais (23%) foram as que mais sofreram assédio, seguidas das de Engenharia Elétrica e Pedagogia (13%).

Os corredores da Unifap foram apontados como o local onde mais ocorreram os assédios (46%); 18% dos casos foram no Centro de Vivência, 13% em salas de aula, 9% no ginásio desportivo e 5% na Biblioteca Central.

Os acadêmicos foram apontados pelas entrevistadas como os principais assediadores (54%); os terceirizados ficaram em segundo lugar, com 25%; 14% eram docentes e 7% dos assédios partiram de técnicos-administrativos.

“Os nossos dados mostraram que a maioria dos assédios vêm dos alunos que, teoricamente, estão na mesma linha hierárquica das acadêmicas.

Então por que eles assediam? Acredito que basta eles serem homens para se sentirem no direito de invadir de alguma forma as mulheres.

E por que a gente é assediada, na maioria das vezes, no corredor? Porque, historicamente, as mulheres são relegadas ao espaço da casa, do privado, a espaços que não são públicos”, avaliou Ianca Moreira, uma das realizadoras da pesquisa.

Campanha Uma campanha oficial de combate ao assédio sexual foi lançada durante o evento.

Até o final da semana que vem, cartazes de cunho educativo serão fixados por todos os campi da Unifap e também serão divulgados virtualmente, nas redes sociais da Instituição.

Cartilhas com informações sobre o assunto foram distribuídas durante a realização da mesa-redonda.

Galeria de imagens

Compartilhe:
Fechar Menu