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Campus Oiapoque e Université Guiane realizam II Encontro Unifap-UG de Ciências Humanas e Sociais

Evento internacional ocorreu de 13 a 15 de novembro no campus Binacional do Oiapoque, reunindo as comunidades acadêmicas das duas universidades.

O Campus Binacional do Oiapoque, da Universidade Federal do Amapá (Unifap), e a Université Guiane (UG), da Guiana Francesa, realizaram, no período de 13 a 15 de novembro, o II Encontro Unifap-UG de Ciências Humanas e Sociais, reunindo docentes, acadêmicos e pessoal administrativo de ambas as universidades. O simpósio discorreu sobre temas das ciências sociais contemporâneas e da área de linguagens, especialmente, mas não exclusivamente, relativos à investigação e ao ensino realizados em universidades “periféricas” da União Europeia e do Brasil.

O colóquio privilegiou o duplo conceito de pluridisciplinaridade – reunindo investigadores das áreas da Educação, Geografia, História, Literatura e Linguística Românicas e Semiótica – e de inclusão acadêmica –, proporcionando um fórum de discussão para a investigação realizada tanto por docentes como por estudantes. Este duplo objetivo da conferência foi alcançado através da divisão do evento em sessões de três formatos diferentes: mesas-redondas clássicas com comunicações de investigação, workshops orientados por docentes e seminários orientados por estudantes.

A conferência foi aberta no dia 13 de novembro com as boas-vindas oficiais do assistente administrativo, Weverton Sousa Matos, do diretor acadêmico do campus Oiapoque, Prof. Dr. Francisco Otávio Landim Neto, acompanhados pelo vice-presidente de assuntos internacionais e professor da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da UG, Prof. Dr. Rosuel Lima Pereira. Os representantes de ambas as universidades manifestaram a sua profunda satisfação pela realização deste segundo encontro – substancialmente alargado em relação à primeira edição em 2023 – e sublinharam a importância da cooperação entre duas universidades que, apesar de se encontrarem em dois países diferentes, são os vizinhos acadêmicos mais próximos.

Foto: Prof. Dr. Hartmut Ziche

A cerimônia de abertura foi seguida de uma primeira mesa redonda sobre “História e Literatura”, com intervenções do Prof. Ms. Luís Carlos de Santana, Literatura, Espaço e Representatividade, Profa. Dra. Bianca Beatriz Roqué, Crónicas Geográficas e Prof. Dr. Hartmut Ziche, Imperadores de Papel e Historiadores, Constantino Como uma Construção Literária. As três comunicações, de um especialista em literatura, de uma geógrafa e de um historiador, sublinharam a importância da memória escrita e oral na formação das percepções populares e científicas das realidades históricas e geográficas, tanto no passado como no presente.

O segundo dia da conferência foi dedicado a três workshops em “Literatura”, “Geografia” e “Educação”. A oficina de Literatura, com apresentações da Profa. Dra. Lucinéia Alves dos Santos e Prof. Ms. Luís Carlos de Santana, A Língua Portuguesa Através dos Poemas e da Música Popular Brasileira, e Satenik Bagdasarova (UG), Como Pensar a Interdisciplinaridade nas Ciências Humanas e Sociais, tratou da construção e multiplicidade de sentido na literatura e na arte.

A oficina de Geografia, com comunicações da Profa. Dra. Fabíola Reis (Unifap) e Profa. Ms. Vera Figueiredo (IFPA), História e Memória: A Escola Isolada da Vila de Taperebá no Município de Oiapoque, e Nicola Todorov, Consequências da Fragmentação Política Amazônica Sobre a Biodiversidade vegetal da Floresta Amazônica, confrontou a questão do impacto dos fenômenos sociais e políticos nas realidades e percepções geográficas.

O ateliê de Educação, com apresentações da Profa. Esp. Elizângela Manoela Araújo da Silva (Unifap), Desafios e Perspectivas no Ensino do FLE nas Escolas Públicas de Oiapoque, e Orëa Garde-Le Bretton, Presença da Língua e da Cultura Hispânica no Mundo: Estado Atual e Perspectivas, estimularam um vigoroso debate sobre a concorrência entre o francês e o espanhol no ensino de línguas estrangeiras nas escolas de ensino médio no Brasil, e especialmente no estado do Amapá, bem como os problemas específicos do ensino de línguas estrangeiras em ambientes periféricos de ensino e aprendizagem como o Amapá e a Guiana Francesa.

Foto: Lucinéia Alves dos Santos

O segundo dia terminou com um seminário duplo de estudantes em “Literatura e Linguística”. Na primeira parte do seminário, Rayana Paranatinga Gomes (Unifap) apresentou A Obra Laços de família, de Clarice Lispector, Sob o Olhar Discursivo: Algumas Possibilidades de Leitura (sob orientação do Prof. Dr. Izaías Serafim Neto), e Joyce Felipe Anika (Unifap), Mímesis e Etnicia: Perspetivismo Ameríndio e Literatura Indígena (sob orientação do Prof. Dr. Edilson Souza). Embora ambas as comunicações tratassem da literatura produzida no Brasil, a sua justaposição levantou a questão fundamental do que é “brasileiro” na literatura brasileira e de como autores de origens e circunstâncias muito diferentes podem ser considerados vozes de uma cena literária diversa e em evolução no Brasil. A segunda metade do seminário foi dedicada a uma comunicação em linguística comparada de Florian Porfal (UG), Do Latim às Línguas Românicas: Alguns Exemplos do Francês e do Português (sob orientação da Professora Corinne Le Sergent), que, recorrendo a exemplos literários, traçou o desenvolvimento divergente das duas línguas modernas a partir de uma base comum.

O último dia do congresso, 15 de novembro, começou com o segundo seminário de estudantes, dedicado a temas de “Geografia Regional”. A primeira metade do seminário foi dedicada às contribuições dos alunos do projeto Crônicas Geográficas da Profa. Dra. Bianca Roqué, cujos resultados preliminares a investigadora principal já tinha apresentado na sua comunicação do primeiro dia do congresso. Cinco apresentações curtas de Fernando Brito, Rosimere Guedes, Joselma Mendes, Antônio Silva e Mary Jane Santos forneceram uma forma de “esboço mental”, ou seja, uma descrição subjetiva das caraterísticas geográficas da cidade de Oiapoque e seus arredores – a apresentação descritiva de Mary Jane Santos foi enriquecida por um croqui em grande escala dos cursos d’água ao redor da cidade. Juntos, esses cinco pequenos trabalhos construíram uma geografia percebida e sentida da região do Oiapoque, que serve como um complemento às descrições clássicas da geografia humana ou física. A segunda metade do seminário foi dedicada a algumas das caraterísticas específicas da geografia da GuianaFrancesa, delineadas numa comunicação de Kyliann Costrowa (UG), A Geografia da Guiana Francesa (sob orientação do Professor Nicola Todorov).

O duplo seminário de Geografia foi seguido por uma excursão organizada pelo Prof. Dr. José Mauro Palhares (Unifap) no centro da cidade de Oiapoque. Embora Palhares também tenha desenvolvido alguns aspectos da geografia histórica e física da região durante a excursão, a sua principal contribuição para os seminários da manhã foi uma geografia do turismo para Oiapoque, com uma ênfase específica na dependência do turismo local e da procura do estrangeiro, com origem ou passagem pela Guiana Francesa.

O simpósio terminou com uma tarde no estabelecimento ribeirinho “Chácara do Rona”, que permitiu aos estudantes e professores visitantes ter uma primeira impressão do dinâmico turismo local de Oiapoque, tanto em termos de gastronomia como de atividades de lazer oferecidas. Esta conclusão social do encontro constituiu uma oportunidade adicional para os professores e estudantes de ambas as universidades se misturarem, discutirem questões decorrentes do programa acadêmico da conferência e esboçarem projetos de colaboração futura. A animação musical para os participantes da conferência, com chansons clássicas brasileiras, ficou a cargo da Profa. Dra. Bianca Beatriz Roqué e Weverton Sousa Matos.

Foto: Lucinéia Alves dos Santos

A conferência foi organizada conjuntamente pela Profa. Lucinéia Alves dos Santos (Unifap) e Mabiane Batista França (UG), com Profa. Ms. Evilania Bento da Cunha (Unifap), Prof. Ms. Luís Carlos de Santana (Unifap), Orëa Garde-Le Bretton (UG), Corinne Le Sergent (UG), Prof. Dr. Eduardo Margarit (Unifap), Profa. Dra. Sâmella Paungartten (Unifap), Profa. Dra. Bianca Beatriz Roqué (Unifap), Prof. Ms. Rafael Santos (Unifap), Nicola Todorov (UG) e Hartmut Ziche (MAR-UG) no comité científico e organizador.

Gostaríamos também de agradecer o inestimável apoio administrativo para a organização do simpósio dado por Françoise Asselas (UG), Weverton Sousa Matos, Paulo Roberto Campos e Rayane Albuquerque (Unifap), bem como o excelente trabalho de organização dos estudantes voluntários do Campus Binacional de Oiapoque e da UG, que garantiram o bom funcionamento das sessões (e dos coffee breaks) durante os três dias. Agradecimentos especiais também aos motoristas Adelson Furtado e Edson Ramos, que fizeram o transporte dos estudantes e professores da UG entre o posto de fronteira na Ponte do Oiapoque aos seus hotéis, e local da conferência no campus.

Os organizadores do colóquio e a comissão organizadora agradecem as subvenções substanciais concedidas pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da UG e pelo Campus Binacional do Oiapoque da Unifap, que permitiram manter o custo do colóquio a quinze euros para os participantes, apesar de oferecerem transporte e alojamento gratuitos aos estudantes da UG e cinco pausas para café a todos os participantes durante os três dias do evento. O comitê organizador espera sinceramente que o intercâmbio científico e humano possibilitado pela edição de 2024 permita a continuação anual do Encontro Unifap-UG de Ciências Humanas e Sociais no futuro.

Tanto o campus de Oiapoque da Unifap, como a Universidade da Guiana Francesa são universidades geograficamente isoladas, onde a mobilidade dos estudantes e do pessoal, embora vital para a aprendizagem e a investigação acadêmicas, tem custos enormes. Por conseguinte, é ainda mais importante que as duas universidades trabalhem em conjunto para ultrapassarem mutuamente os desafios de aprendizagem, ensino e investigação muito semelhantes que ambas enfrentam. Especialmente para os estudantes participantes na conferência, o II Encontro tem sido muitas vezes a primeira oportunidade de se encontrarem e trocarem impressões com acadêmicos estrangeiros, aprenderem sobre o ensino e a investigação em universidades estrangeiras e sentirem-se membros da comunidade acadêmica global.

*Texto: Prof. Dr. Hartmut Ziche – Professor da Université Guiane (LSH)

* Fotos: Prof. Dr. Hartmut Ziche / Profa. Dra. Lucinéia Alves dos Santos / Érica Alexandra Silva Bordes

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