A parceria entre pesquisadores da Guiana Francesa, Suriname e Brasil resultou no livro Mobilidade, etnia, diversidade cultural: da Guiana entre o Suriname e o Brasil.
Os professores da Universidade Federal do Amapá (Unifap) Manoel Pinto, Marcelino da Costa Júnior e Márcia Jardim colaboraram na edição com publicações de dois artigos nos capítulos que tratam da dinâmica local relatório / global, nova territorialidade, recomposição de identidade; e fronteiras políticas, fronteiras culturais e mobilidade transnacional, respectivamente.
O atual momento vivido pela Guiana foi o ponto de partida para que os pesquisadores reunidos na obra tratassem o assunto com duplo objetivo: propor caminhos para uma melhor compreensão das mudanças e apresentar alguns elementos de apoio para a reflexão, para que eles possam ser considerados como um meio de decisão e ação na formulação de políticas públicas, tanto para as autoridades públicas quanto para os agentes privados.
A Ponte No texto A ponte necessária: reflexões acerca da imaterialidade da ponte binacional Brasil-Guyana francesa, os pesquisadores Marcelino Júnior e Márcia Jardim discorrem sobre a expectativa dos brasileiros ao deixarem o Brasil para tentar a sorte na Guiana, a escassez de emprego e subempregos, além de estereótipos negativos que descaracterizam o ser brasileiro a partir do imaginário dos próprios brasileiros.
O rígido controle do lado francês e a falta de fiscalização do lado brasileiro também são expostos.
As reflexões acerca da ponte concretada a partir dos depoimentos coletados corroboram para essa noção de desigualdade.
As opiniões giravam em torno de que a ponte seria uma ponte de ricos, pois os pobres teriam que passar por baixo dela.
Expectativa x realidade Manoel Pinto faz um balanço metodológico/teórico onde analisa o que mudou ao longo desses 10 anos dessa relação transfronteiriça O professor aborda no texto Trabalhadores brasileiros na Guiana Francesa: da sedução à realidade migratória os motivos e a realidade encontrada pelos brasileiros que decidiram aventurar-se em território francês.
O atrativo maior são os salários, já não tão em alta nos dias de hoje.
Esse trânsito teve início com mais força a partir dos anos de 1960.
Manoel Pinto escreve que a imigração de brasileiros para a Guiana Francesa já ocorre há pelo menos cinco décadas.
Desde 1964, no auge da construção das instalações da cidade de Kourou2, a saída de nortistas para cidade de Caiena tornou-se uma opção para milhares de trabalhadores desempregados.
O pesquisador dividiu em dois grupos os brasileiros que migraram para a Guiana.
O primeiro é composto por garimpeiros (a maioria clandestinos) que vivem encravados dentro da floresta e as margens dos rios na fronteira entre Guiana Francesa, Suriname e Brasil.
O segundo reúne os mais diversificados tipos de pessoas: jovens (homens e mulheres) que possuem familiares estabelecidos em Caiena, desempregados, profissionais da construção civil (mestres de obras, pedreiros, carpinteiros) e ainda profissionais como mecânicos, pintores etc.
Obra Toda essa dinâmica entre os três países é apresentada nos seus pormenores nas 310 páginas escritas pelos 14 pesquisadores reunidos na coletânea de estudos.
Novas pesquisas aliaram-se às feitas no passado para gerar o livro.
A obra foi coordenada pelo antropólogo Gérard Collomb e o historiador Serge Mam Lam Fouck e foi escrita em francês, inglês e português, as línguas-mãe dos autores.
O livro pode ser adquirido pelo site da editora (http://www.ibisrouge.fr/fr).
Cada colaborador recebeu três exemplares.
Desses, o professor disponibilizou um para a biblioteca da Unifap e a versão em pdf pode ser baixada gratuitamente no anexo abaixo.
Nos próximos três meses, um seminário será promovido para debater as ideias presentes na coletânea.
# | Descrição | Data | Tamanho | Baixar |
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1 | LIvro | 20/04/2017 | 7 MB | Download |