Revista Nature publica artigo de pesquisador da Unifap

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As savanas amazônicas ganharam destaque na edição de abril da revista Nature Ecology & Evolution.

O pós-doutorando do Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Tropical (PPGBio) da Universidade Federal do Amapá (Unifap), William Carvalho, e da ex-pós-doutoranda do PPGBio e atualmente pesquisadora da Universidade de Aberdeen (Escócia), Karen Mustin, publicaram o artigo “The highly threatened and little known Amazonian savannahs” [“As altamente ameaçadas e pouco conhecidas savanas amazônicas”], que trata da identificação desses ecossistemas e as ameaças de degradação a que estão sujeitos.

O artigo completo está disponível neste link.

As savanas são vegetações típicas de regiões tropicais existentes em áreas onde há uma estação seca bem definida e se caracterizam por apresentar predominantemente gramíneas, árvores de pequeno porte e arbustos.

“[As savanas amazônicas] são ‘ilhas’ de savanas que ocorrem dentro do bioma amazônico.

No artigo, fizemos um apanhado dos estudos que já foram desenvolvidos nesses ecossistemas, estimamos sua área, verificamos seu status de conservação e salientamos suas principais ameaças.

Esses habitats tem uma biodiversidade única, são heterogêneos entre si, mas em sua maioria são poucos conhecidos e estudados.

Além disso, sua proteção varia entre os países: no Brasil, a maior parte das áreas de savanas amazônicas protegidas estão inseridas dentro de terras indígenas, no entanto, essas áreas protegidas estão ameaçadas por possíveis mudanças na legislação brasileira”, aponta William Carvalho.

Karen Mustin explica que as savanas ocorrem principalmente na América do Sul, África e Ásia, sendo que no Brasil a savana mais conhecida é o cerrado.

Segundo a pesquisadora, as savanas amazônicas possuem peculiaridades em relação a outros tipos de savanas existentes.

“Elas são formações florestais distintas das outras savanas, mas podem apresentar espécies de plantas e animais iguais às que ocorrem nessas outras, como o Cerrado e os Llanos Venezuelanos e Colombianos.

Além disso, existe diferenças entre as ilhas de savanas amazônicas entre si, o que torna esses ecossistemas ainda mais relevantes para a conservação”, observa.

Degradação De acordo com o artigo, as savanas amazônicas têm sofrido constantes ameaças à sua conservação.

O avanço do desmatamento na região amazônica, a substituição da vegetação nativa por plantio comercial, o incremento de infraestrutura como rodovias e portos, a ocupação irregular e uso descontrolado do fogo são alguns dos fatores que contribuem para a degradação desses ecossistemas.

“As savanas amazônicas são conhecidas há muito tempo e a presença desse ecossistema não é uma descoberta recente, contudo a pouca informação que temos a respeito dessas áreas é um reflexo do baixo número de pesquisadores e instituições de pesquisa realizando estudos na Amazônia.

O objetivo do nosso estudo foi chamar a atenção para estas áreas, pois não apresentam a devida proteção e estão sofrendo com a degradação, que pode ser observada em Roraima (Lavrados de Roraima), nas pequenas ilhas de savanas que ocorrem ao longo do bioma Amazônico (por exemplo, próximo à Humaitá-AM e Santarém-PA) e atualmente no Cerrado do Amapá”, elenca William Carvalho.

No artigo, os pesquisadores sugerem que algumas ações contribuiriam para a proteção das savanas amazônicas, como reconhecê-las como habitats únicos e distintos; investir recursos para estudar sua importância socioambiental, identificando áreas para proteger e para proporcionar o uso sustentável da terra; criar e adaptar legislação específica para essas áreas; e implementar monitoramento apropriado para prevenir a perda de biodiversidade desses ecossistemas.

Reconhecimento ̶ Os pesquisadores destacam que as revistas científicas do grupo Nature são muito prestigiadas e ter um artigo publicado em uma delas amplia a visibilidade da pesquisa que está sendo realizada.

“Pessoalmente é muito gratificante ter o artigo publicado em uma revista do grupo Nature, pois isso mostra que nossas ideias são atuais e que nossos estudos tem grande relevância para a conservação da natureza.

A importância de nosso artigo é chamar a atenção das savanas amazônicas, que estão ameaçadas pela degradação, e, sendo publicado em uma revista como a Nature Ecology & Evolution, que tem maior visibilidade, amplia o público que recebe nossa mensagem e ajudará em futuros estudos que ainda pretendemos desenvolver no Cerrado do Amapá”, afirma Karen Mustin.

Sobre os autores William Carvalho é doutor em Biologia Animal pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

Atualmente desenvolve um estudo com morcegos no Cerrado do Amapá, juntamente com o Laboratório de Ecologia (Labeco) da Unifap, coordenado pelos professores Drs.

José Júlio de Toledo e Renato Hilário.

Karen Mustin é doutora em Ecologia e ex-pós-doutoranda do PPGBIO.

Atualmente é pesquisadora na Universidade de Aberdeen, Escócia, UK.

Crédito das fotos: – Capa da edição de abril da revista Nature Ecology & Evolution: Divulgação – Cerrado amapaense: foto retirada do blog www.

alcilenecavalcante.

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