Um novo modelo para estudos de patologias e desenvolvimento de novos fármacos será desenvolvido na Universidade Federal do Amapá (Unifap) por meio da Plataforma Zebrafish.
A zebrafish, ou peixe paulistinha, é considerado uma ferramenta promissora para a análise e seleção de compostos candidatos a medicamentos.
A partir de testes com o peixe, espera-se acelerar e baratear o processo.
O minilaboratório foi inaugurado na última sexta-feira no campus Marco Zero da universidade.
O coordenador da Rede Amazônica de Pesquisa em Biofármacos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), professor José Carlos Tavares, avalia como uma das vantagens de se usar a espécie de peixe como cobaia o rápido ciclo de vida do animal e o custo menor.
O zebrafish (paulistinha) tem um metabolismo acelerado em comparação aos roedores.
A observação evolutiva de patologias e efeitos de compostos administrados na espécie pode ser avaliada mais rapidamente, explica o professor Tavares.
Os animais são certificados e oriundos, principalmente, do Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte.
Cada peixe custa cerca de R$ 4, enquanto um camundongo não sai por menos de R$ 16 e ratos por R$ 36.
Hoje, por questões éticas, é recomendado aos pesquisadores que substituam pequenos mamíferos (ratos, camundongos, coelhos) e passem a utilizar métodos alternativos.
O modelo na Plataforma Zebrafish da Unifap é o primeiro no estado do Amapá.
O grupo pretende desenvolver medicamentos relacionados às doenças inflamatórias (gastrite e úlcera gástrica), mas também serão pesquisadas drogas relacionadas à depressão e ansiedade.
O laboratório possui vários aquários individuais para esse estudo.
As patologias estudadas são provocadas com a injeção de determinadas substâncias no organismo para gerar, por exemplo, um quadro inflamatório.
O próximo passo é observar a evolução dessas doenças e testar tratamentos com medicamentos desenvolvidos a partir dessas análises.
Os medicamentos podem ser administrados via oral ou solução diluída na água dos aquários individuais.
Posteriormente são estudados os órgãos (cérebro, coração, intestino, fígado) para avaliar a eficácia desses compostos fármacos.
O professor Tavares informa que, além de doenças inflamatórias, também será estudado a diabetes por meio dessa experimentação.
Foram investidos 15 mil reais no primeiro laboratório (verba do CNPq).
A rede toda possui orçamento de R$ 2,3 milhões e é composta pelos estados do Acre, Amazonas, Pará e Amapá.
Nós esperamos que mais recursos sejam liberados para ampliação do laboratório e compra de mais equipamentos.
Mas, com o que temos, já podemos começar os estudos, afirma Tavares.